domingo, 25 de janeiro de 2009

Sobre Calabar

Não, não pretendo ser Chico!
Mas tenho chico todo mês,
Tenho também todo direito, de ser a dúvida no imaginário popular.
De fazer acreditar que creio no potencial de um povo, de que os quero livre e guerrearei por isso.
De ser farsa ou farsante, de ser traída ou traidora
De ser Calabar!
Tenho o direito a andar pelos povoados, de aprender suas línguas
De me prender em suas línguas...

E do direito divino de ser coroada por um mito.
De mentir, de descarar
E vejam, eu enxergo muito bem.
Historiei muita gente, viciei em espetáculos particulares!
Errei no último ato, quando sentei na poltrona vazia para uma peça vazia.
Ignorei o costumeiro passeio pelas coxias, pois já conhecia aquelas cortinas...
Errei.
Quando tive a mau gosto, de escolher mal a próxima cena.
Saí do teatro calada.
Fui calar-me num bar.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

A voz trovejante de Deus

Eis as razões de minha inefável ausência!
Procurava junto.a querida ora doce, ora meio-amarga, ora intragável..
A voz trovejante de Deus!
Que nos mande danar, envergonhe-se de nós, mande nos fechar as pernas que seja!
Nada ouvi!Procurei silenciar-me, calar certas razões feitas de chumbo,malear e nada feito. Deus deu as costas por resposta, nem uma nem duas, num cri-cri nervoso, que estendia a todos nós ar de ignóbil de severa autoridade.
Clamávamos por um sinal, provocamos inúmeras vezes Tua ira. Nem um mero som, nem um relampejada, nada!
Resolvemos ignorar o próximo, da forma mais estúpida destratar algum entes, escrotiza-lo sem motivo aparente e para ficar mais fácil, usando alguma característica desagradável de nós mesmo, projetando em nossa vítima nossa ínfima frustração. Na esperança de que Deus se voltaria contra nós, desse alguma ordem definitiva. Nada!
Mudamos de método, resolvemos encher a cara no dia em que se comemora seu dia na nação ketu. Nesse dia enchemos a cara durante semanas a fio, fizemos sexo com desconhecidos quase por um prazer mórbido e nada... Deus demostrou-se nem ai para nossa ébria conduta, deve ter mostrado a bunda e sacudido, nem mesmo enviou uma simples sensação de culpa.
Numa ode ao abismo de nossa realidade, entendemos o silencioso recado divino. No sibilante escuro de nossos dias vazios, enfim trovejou a razão:
- Mostrei-os o que tanto queriam, de que material são feitos.
Ainda precisam testar-se?