Nesse mundo de cães perdidos, de horas marcadas, paranóias versânicas,
Loucura pela pobreza, pela pureza, pela indignação.
Loucura genética, visual. Conceitual, promíscua
Loucura rameira, induzida, moralizada.
O que eu não me conformo mesmo é essa banalização da sanidade!
Jogaram a sanidade no sanitário e deram descarga.
Não é mais belo ser são, a loucura agora é módica, não traz prejuízo, mas continua desumana. Já se tem receitas vendidas sob suspeita, para que todos se sintam inseridos, metódicos e loucos.
Doravante, como em todo o seguimento histórico, existe o lado rebelde e absolutamente alternativo dos fatos, a loucura não poderia ficar de fora.
A loucura sem receita, largamente vendida, no mercado alheio, para não perder a visão marginal típica, não da loucura desta vez, mas do fato de ser alternativo.
Sabia-se que em toda organização social, estava inserido um louco , entre os intelectuais, os bandidos, os professores, os desempregados, os cientistas, os desdentados,acidentados, analfabetos, cristãos, enfim, não se sabe mais.
E até mesmo ai, já havia a segregação:
Louco professor é só paixão,
Louco acidentado é estresse, seqüela;
Louco cristão é excesso de fé;
Louco desdentado é pena, medo,asco e vergonha;
Louco cientista é genialidade, excentricidade;
Louco desempregado é injustiça social;
Bandido doido é maldade, sarcasmo...
E a loucura tem nível social!
Se puderem pagar e não questionar, Rivotril, Aldol e cama acolchoada para descansar.
Se não puder e forem ignorados é papelão, ondas elétricas e trajes esfarrapados;
Se sentir-se aceito e a família for boa, é artista, visionário, entusiasta;
Se tem imaginação e família conformada; cineasta, poeta, médico ou arquiteto;
Se for classe média alta, um carro na mão, e grana pro delegado resolve o problema.
Se rico, é apenas alguém muito alegre, basta um analista caro, cartão de crédito, viagens ao exterior e um curso de história da arte.
O adolescente dos últimos tempos então? Produz loucura glandular.
Se não foi grunge, foi punk;
Se não foi play boy, foi techno boy, Hi-tech
Se é deprimido, é Emo.
Se não for patricinha, é rasta
A essa chama-se de loucura da idade, e pra ela basta a indiferença dos pais, preocupação das mães, psicólogos recém-formados e um ansiolítico qualquer. Nem mesmo o trabalho dignifica mais o homem, hoje em dia é a loucura.
No meio de tudo isso jaz a sanidade, totalmente convertida em síndrome do pânico, medo da violência, organizações não governamentais, queda do dólar e avidez financeira. Sanidade está fora de moda, não é mais discutida e pouco faz parte da atual realidade.
É sem graça. Sem pé nem cabeça e não dá mais dinheiro.
É exclusão social, hoje se tem musica só para os loucos, loucas meninas de trajes impróprios na vida do crime, Loucos senadores da república recitando poesias marginais,
Loucos cientistas escondendo clones da sociedade. Louco Papa excomungando a camisinha.
Não é mais espaço pra sanidade, estou sem graça, sem crédito enfim; sã!