quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Insuportável em Três movimentos ( Sonata da Coerência)

Soe indiscreta, pise no inseguro e entorne todo caldo que puder,

Porque é uma solista.

Enrijeça a tez com tédio. Não tenha medo de ser mal interpretada.

Se interpelarem, vomite inconseqüências e erre no português.

Uma hora te definem como fez o filho de Bach, aquele moleque!

Neste momento te tornarás um classicista das ruas, enfiado em algum grupo, merecedor de análise. Faça-os pensarem que caminhará para a demasiada rigidez da mal-criação.

Predefina de forma adorável, procurando surpreender, deixe de pensar na poeira do armário e em tua própria inutilidade. Não se esconda no sexo.

Corra livre para o que bem entender, cantarolando os passos, sem citar autores legitimamente geniais. Envergonhe-se de se achar proprietário mas guarde a esnobação de tua enervação construtora para si, Andante, Adágio, Largos.

Mimetize em minuetos teus arrependimentos, alegre-se com a própria idiotice e sentimentos menores. Rondas periódicas são as mais usadas para nutrir o viço de ser profundo. Por fim o grande enlace, termine energético e cheio de pretensões que já nascem falidas, patéticas, na jaula.

A noite espera uma desculpa frágil para saltar o desejo de embelezar, pintar, articular, e novamente sair.

( Para que torne mais insuportável ainda!)