segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Dancing With Myself #1

Já leu os textos...?
I like it, I'm not gonna crack
E tem uns vídeos...
I miss you, I'm not gonna crack
Assista esse...
I love you, I'm not gonna crack
Gostou de você...
I'll kill you, I'm not gonna crack

Abriu os olhos depois de uma longa tragada. Sorriu para seu interlocutor e tentou escolher entre:
A) Beber o resto de cerveja já não tão gelada assim, passar a mão na bolsa e marchar porta a fora;
B) Jogar a cerveja já não tão gelada assim na cara do interlocutor, proferir um sonoro 'vai tomar no cu', passar a mão na garrafa de cerveja gelada e marchar porta a fora;
C) Beber a cerveja gelada diretamente do gargalo da garrafa, quebrar o casco e apontar o caco para a jugular do interlocutor dizendo entre os dentes 'repete o que você falou';
D) Respirar fundo, virar a mesa e gritar um bem pronunciado 'foda-se' ao seu interlocutor.
Mas limitou-se a acender um cigarro no outro, beber mais do que podia pagar e ouvir os galanteios do dono do bar. Sabia que tinha escolhido mal e sua escolha traria consequências nada satisfatórias.

Sonhou que cortava os cabelos frente a um espelho velho, em um quarto mal iluminado por velas. Acordou ácida. Odiou os muito seguros e os bacaninhas. Viu sua imagem em fotos, odiou-se também, posto que não fosse nem um nem outro, nem coisa alguma. Começou a conjecturar se estava vendo o mundo unicamente através de óculos cujas lentes eram verdes.

I'm so ugly, but that's okay 'cause so are you

Não eram iguais como tinha pensado. Não era igual a nada, bem como não era original. Ria sozinha de uma piada velha e sem graça, mas ria. Ria? Às vezes esquecia-se disso também. Passou o dia mastigando um silêncio raivoso, por saber que, no fundo, a culpa de tudo era sempre sua. Era ela quem tinha problemas com o passado, o presente e o futuro. O que julgava ser seu lado racional lhe dizia a todo instante que deveria guardar para si todos os malditos questionamentos, inseguranças e desaprovações infundadas. Era realmente tudo infundado? O limiar entre o certo e o errado, sua ética própria e anseios junto ao meio, tudo era confuso. Não poderia precisar se estava em queda ou se sempre estivera. Não importava, o mais saudável era ser adorável e tentar distrair-se de qualquer devaneio. Pensou melhor e percebeu que isso faria dela uma pessoa ainda mais distante do que poderia ser uma realidade compartilhada. Quando a sanidade veio andando em sua direção na rua, muito provavelmente deu um grito e se jogou embaixo de um caminhão. Não via como alguém em sã consciência poderia se colocar em segundo, terceiro plano. E pior, não mudava a rotina mesmo reconhecendo onde pecava. Mas afinal, os loucos não se sabem loucos. Era sã. Estava salva. A grande questão a ser respondida em sua vida deveria ser passada para aqueles que a cercavam: Se você não gosta de mim, por que me emprestou sua bicicleta?

Light my candles in a daze 'cause I've found god

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