terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

A Bandeira

Era cedo, não marcavam sete horas no relógio da Central e a Cidade Maravilhosa já estava às pressas. No alto de um prédio uma bandeira. Bandeira nossa, que acostumamos a dizer verde-amarela.

As pessoas bem-vestidas, ternos de risca e gravatas contrastantes com camisas secas, caminhavam a passos largos e velozes para mais um dia de trabalho. Aos seus passos entreolhavam-se na praça e tinham medo. No alto de um prédio uma bandeira. Bandeira deles, que já era apenas verde.

As pessoas mal-vestidas, deitadas no banco e de consciência seca, durmiam na praça em sono profundo para mais um dia de amargura. Em seus sonhos eles tinham medo. No alto de um prédio uma bandeira. Bandeira vossa, que já não se sabia a cor.

O piquete com as vozes tomam a praça, protestavam contra as injustiças. O medo era real. No alto do piquete uma bandeira. Bandeira nossa, preta.


Por Chambinho Tennenbaum.

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